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Violência exagerada dos gibis do Máskara

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Opa, aqui não é o filme com Jim Carrey!

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Kathy, namorada de Stanley, no momento que é “possuída” pela Máskara

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Momento “pode me bater”. A vingança tarda mas não falha.

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Tenente Kellaway tentado a usar a “máskara”

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Primeira edição de seis lançadas pela editora Mythos entre Setembro/1997 a fevereiro/1998 com o título As Aventuras do Máskara (Fonte: www.guiadosquadrinhos.com)

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Edição Especial de Batman, Coringa & O Máskara lançada pela Editora Abril em janeiro de 2001 (fonte: www.guiadosquadrinhos.com)

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Minissérie de 2 edições – Lobo e O Máskara lançada pela editora Metal Pesado em Setembro/Outubro de 1998 (fonte: www.guiadosquadrinhos.com)

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Superalmanaque Máskara lançado pela Editora Mythos em 1999 que reunia as 2 primeiras edições de As Aventuras do Máskara lançadas pela mesma editora em 1997. (fonte: www.guiadosquadrinhos.com)

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Edição lançada em abril de 2020 pela editora Pipoca e Nanquim, trazendo integralmente as 3 primeiras minisséries do personagem. (fonte: www.guiadosquadrinhos.com)

O Máskara

 Critica por: Pablo Cruz Vieira

   Antes de começar a falar da HQ do Máskara lançada pela editora Pipoca e Nanquim em 2020, preciso voltar um pouco no tempo. O Máskara, digo, o filme do Máskara estrelado por Jim Carrey e Cameron Diaz e lançado em 1994 foi o meu primeiro contato com o personagem. Naquela época, nem imaginava que existia tal personagem e me diverti bastante assistindo o filme. O que mais me impressionava eram os efeitos (muito bons naquela época) que, em determinadas passagens, me faziam lembrar das animações de Tex Avery com aqueles exageros, olhos esbugalhados, violência cartunesca exacerbada e situações exageradas que levavam ao riso. Coincidentemente, pouco tempo antes, Uma Cilada para Roger Rabbit (de 1988) já trazia alguns elementos do filme de Carrey ao misturar live-action/animação inspirada, principalmente, no mestre Avery. Fiquei com uma vaga impressão de que o personagem era aquilo: meio ingênuo, dominado em alguns momentos pelo poder da máscara que tentava fazer justiça e, como bônus, conquistar o coração da mocinha.

   

Quase um quarto de século após, tenho em mãos o exemplar da editora Pipoca e Nanquim. É claro que não é um material totalmente inédito mas tem o mérito de trazer, pela primeira vez no Brasil, as 3 primeiras minisséries do personagem de forma integral, colorida, numa edição caprichada, capa dura, excelente gramatura do papel. Nesse caso, não tem como não elogiar o trabalho do Pipoca e Nanquim. Nos últimos anos, a editora tem se caracterizado por publicar materiais de qualidade, muitos inéditos no Brasil, com um zelo, um cuidado sem precendentes.

   

   Voltando a edição. Fiquei bastante surpreso por o material original se diferir bastante do filme. É claro que os produtores/roteiristas tiveram o cuidado de transformar a película em algo mais palatável, afinal, era preciso pegar aquele material violento e tranformá-lo num sucesso de bilheteria para todas as idades (ou quase todas rsrs).

 

   A história da primeira minissérie do personagem mostra como a máscara realiza os mais escondidos e reprimidos desejos de quem a usa. Na primeira página, o personagem Stanley Ipkiss compra a máscara numa loja não identificada para presentear sua namorada Kathy. Logo após, ao sair na rua apanha de uma gangue de motociclistas. Somos apresentados a um homem tímido, com baixa estima que não consegue reagir mas, mentalmente, é dominado por pensamentos violentos de vingança.

 

   Surpreendemente, diferente do filme, descobrimos que Stanley tem uma namorada e que sua relação com ela não é muito boa. Com essa personalidade débil, ao experimentar a máscara, Stanley é levado a colocar em prática tudo que está pensando. Seu objetivo é se vingar de todos que, em menor ou maior grau, o humilharam. Ele se transforma no Máskara, o cabeção de cara verde que tem poderes ilimitados. A partir daí, a violência é explícita. Stanley massacra a gangue de motocicletas que o deram uma surra no começo da história, assassina dois mecânicos que o enganaram e sobra até para sua antiga professora do primário, Sra. Gazzo, responsável por criar ainda mais traumas no então colegial Stanley. Percebemos, nesse ponto, que a máscara nada mais é do que um mecanismo catalisador para tornar realidade os pensamentos mais sombrios de quem a veste.

 

   No quadrinho, Stanley não é o personagem tímido, certinho e romântico do filme com Jim Carrey, ao contrário, ele é um sujeito, às vezes, desprezível, cheio de traumas, até rude com a namorada.

Após uma reviravolta surpreendente, a namorada de Stanley, Kathy, entrega a máskara para o tenente Kellaway, responsável por investigar os crimes cometidos pelo “Cabeção” (um dos apelidos do Máskara nas HQs) e pelos chefes do crime organizado. Apesar das recomendações de Kathy para não usar a “máskara”, o tenente Kellaway é tentado a usá-la, sendo dominado por ela. Estressado e encurralado pela mídia (que o pressiona para explicar os crimes cometidos pelo Máskara) e pelo sistema corrompido (que tenta a todo custo livrar poderosos bandidos de pagar por seus crimes), o tenente, assim como Stanley no começo da história, põe em prática com a ajuda da máskara seus mais recônditos e sombrios desejos. Começa a eliminar todos os bandidos que, de alguma forma, conseguem se safar através de um sistema historicamente corrupto.

   

   Nessa primeira minissérie, não se sabe ao certo a origem da máskara. Descobrimos apenas que ela transforma o usuário numa pessoa indestrutível, sem sentimento de culpa, com atitudes eticamente questionáveis, tentando buscar “justiça” através de meios socialmente condenáveis, fazendo uso de uma violência brutal. Nesse pondo, podemos dizer que a máskara libera os sentimentos mais primitivos dos seres humanos sem o filtro moral da sociedade que pertencemos.

 

   O personagem é inspirado em personagens tão díspares e, ao mesmo tempo, similares como o Coringa (arqui-inimigo do Batman) e O Rastejador (The Creeper, no original em inglês), um obscuro herói criado em 1968 pelo desenhista Steve Ditko. Acrescenta-se a isso, uma clara influência do livro clássico “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson. Temos uma HQ de um personagem, ou melhor, um personagem-objeto que potencializa as diversas facetas de um ser humano. A HQ é, de certo modo, underground, com belas ilustrações, diferente das HQs publicadas aqui (no Brasil) na década de 1990. Para quem gosta de uma história cheia de sangue que, por incrível que pareça, entretem.

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