Resenha por: Carlos Elias 28/12/2020
Resenha por: Rodrigo de Oliveira Ferraz 16/02/2021
Live Action não é Quadrinho
Acompanhando as redes sociais envolvidas no mundo Nerd, pude perceber que de todos os temas abordados, o mais comentado sempre é dos comparativos entre HQ e Live Action. A maior crítica é que o enredo nunca está de acordo ao roteiro original dos quadrinhos. Há também críticas a escolha dos atores, efeitos especiais, uniformes, dentre outras centenas de “porém” . Confesso que no início também não era um defensor nato das lives, principalmente por esperar demais que seriam réplicas fiéis das Hqs, mas com um tempo percebi que estava extremamente errado em alguns pontos.
Sempre fui fã de cinema e tive a honra de assistir em tela cheia uma boa parte das maiores bilheterias do mundo. Em minha cidade possuíamos um cinema raiz, com cadeiras de madeira, lanterninha e tudo mais que um cinema antigo proporcionava de bom. Cliente assíduo assistia o máximo de filmes possíveis, porém, assim como as HQs, não era sociável os bate-papos sobre isso. Em determinado momento, este que era o único cinema da cidade fechou as portas, o que para mim foi algo extremamente revoltante, pois muitas vezes o tal cinema era uma porta de escape dos problemas cotidianos. Dramas a parte, o longo período que o cinema ficou fechado causou uma potencialização no meu apetite pela leitura. Acredito ter sido o momento que mais li quadrinhos e livros em sequência em minha vida.
Passado algum tempo, foi anunciado a reabertura do cinema e como estreia teríamos nada mais, nada a menos que o HOMEM-ARANHA com Tobey Maguire no papel. Seriam duas alegrias em uma só, ver o cinema reabrir e ter como estreia o meu personagem favorito dos quadrinhos. Assisti o filme e saí de lá maravilhado pelas referências a algumas histórias. Me incomodou um pouco o fato de não ter a Gwen Stacy como primeiro amor do Peter, mas relevei o fato, pois acreditava que não seria continuada e também seria impossível agregar inúmeros personagens em um único roteiro.
Sendo o Aranha o primeiro dessa nova linha de produção das Actions de heróis para mim, acompanhei outra série de filmes que neste mesmo contexto, até hoje são as que mais se assemelham aos roteiros e vale muito apena assistir como por exemplo o Demolidor (2013), O Justiceiro (2004), Motoqueiro Fantasma (2007), X-men (2000), Hulk (2003)...e mais alguns que sinceramente poderiam ser melhor trabalhados no sentido de produção, mas que também não devem ser deixados de serem vistos como o Quarteto Fantástico (2005) e Elektra (2005). Percebam que as referências que estou utilizando são apenas do ano de 2000 para cá, pois não acompanhei na época o que era lançado do mundo dos heróis ou das HQs em geral, apenas alguns que passavam nos canais de TV aberto ou em fitas VHS, o que para mim, tirava totalmente o encanto necessário para fazer alguma relação com as HQs, e como exemplo destes filmes temos alguns do Hulk ( a volta (1988), o julgamento(1889) e a morte do incrível Hulk(1990)), Conan (1984), Howard o pato (1986), Batman (1989)(o retorno (1992)eternamente(1995)Batman e Robin(1997) e Superman o filme(1978)a aventura continua(1980) e Superman III(1983)...são alguns que me recordo.
Muitos outros filmes e séries foram feitos muito antes e são possíveis de se assistir hoje pra ter uma noção do que eram, mas digo que se você se incomoda com qualquer alteração dos roteiros das Hqs, não se sentirá nem um pouco satisfeito com algumas adaptações feitas para a tv. Algumas tomaram proporções totalmente cômicas, outras se tornaram bizarras visualmente para os tempos atuais levando em consideração a tecnologia da época para produção de efeitos especiais. Para mim é nostálgico rever algumas coisas e gratificante assistir pela primeira vez as feitas antes mesmo de eu ter nascido. Penso que se não fosse aquele começo grotesco mesmo, se não fosse as trilhas deixadas pelos cômicos e pela eternização dos atores relacionados aos personagens, não teríamos hoje a possibilidade de ver os heróis tomando conta das maiores produções atuais. As críticas são necessárias, claro, e muitas delas provavelmente servem de incentivo para a constante evolução dos produtores. Em conversa com uns amigos a alguns dias falávamos sobre isso e chegamos a simples conclusão de que algumas coisas é melhor ter mesmo com as “falhas” do que não ter, e precisamos ter mente aberta para a aceitação de que isto virou um dos maiores mercados atuais. Posso afirmar que devido a isso, algumas coisas se inverteram, como por exemplo HQs que atualmente dão continuidade a cronologia dos filmes.
Em resumo, é necessário ter um equilíbrio nos “comparativos” para sobreviver ao universo atemporal das HQs, pois isso provavelmente evitará evidentes frustrações que podem te aprisionar ao passado ou simplesmente banir de você a magia do multiverso “quadrinístico”.