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Homem-Aranha 104: capa e desenhos do miolo de Todd McFarlane.

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Mary Jane apavorada: as expressões fortes são umas das principais características dos desenhos de Todd McFarlane.

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Spawn 58: capa e roteiro de Todd McFarlane.

Marvel Especial 7, a Saga da Fênix: desenhos de Jhon Byrne

Resenha por: Rodrigo de Oliveira Ferraz                             04/01/2021

Mestres e seus traços

Ao comparar qualquer outro gênero literário com histórias em quadrinhos, pude perceber ainda mais a magnitude que a nona arte oferece para seu público além de incríveis roteiros, como por exemplo, os desenhos. Talvez quadrinhos seja o único gênero que se estenda a fase adulta com a utilização das ilustrações, e quando digo isso, me refiro ao sentido estético da leitura. Na Pedagogia, a utilização das imagens serve como porta de entrada para a assimilação da palavra com o objeto, e só depois se incrementa as letras, palavras e etc... e isso é tão nítido que basta ir a uma livraria e procurar a ala infantil para seus olhos se contaminarem com os coloridos nas prateleiras. Outros estudos apontam que a primeira forma de comunicação de uma criança através da escrita se dá por utilização de desenhos, garatujas, ou como a maioria dos adultos dizem “rabiscos”.

 

As HQs além de incentivadoras da leitura, foram também potencializadoras das artes. Não acredito que existam leitores de HQs que nunca tentaram reproduzir ou até mesmo criar uma arte baseada em uma história, e não me refiro apenas à fase infantil.

Ao acompanhar uma HQ na minha infância, percebia que geralmente a arte da capa não condizia com os desenhos do miolo, e foi exatamente nesta fase onde “amadureci” o conceito de artes nas HQs e parei para analisar além do roteiro. Um exemplo claro para mim foi a transição do Alex Saviuk para o Todd McFarlane. Aquilo foi um “Bam” nas artes do aranha e não vou detalhar o que já se diz muito por aí como seus detalhes no aracnídeo em si, mas os  olhos e cabelos cheios de vida dos personagens, e para mim o principal, as expressões. Ver a lindíssima Mary Jane encostada num canto com expressões fortes de pavor e lágrimas nos olhos com medo do Venom foi pra mim o início de uma devoção a arte do Todd. Um tempo depois em uma visita a um sebo me deparei com uma capa que de imediato me chamou atenção, e eu sabia que aquilo era familiar, aqueles olhos eu conhecia muito bem, e não estava errado, era a capa  59 da revista Spawn, lançada pela abril. A folhear percebi que o desenho era de um tal Greg Capullo, mas seria muita coincidência, pois os olhos e as lágrimas eram as mesmas daquela Mary Jane, então dei uma olhada no roteirista e entendi. Ali estava o Todd novamente.

 

Após esse “amadurecimento” e então dedicação a reconhecer não somente os roteiristas, mas os desenhistas das histórias, comecei a analisar outros títulos em busca de traços que me chamavam atenção, levando em consideração que expressões sempre foram o meu ponto fraco. Muito tempo depois de leituras dentro do que era possível para um adolescente sem internet ou qualquer outro meio de informação sobre as grandes histórias além das idas as bancas, recebi em uma troca de álbuns de figurinha algumas HQs, dentre elas, uma chamada “Marvel Especial 7, a Saga da Fênix” . Eu já conhecia os x-mens de outras edições, mas era raro conseguir acompanhar algo sendo que minha maior fonte de aquisição eram os sebos e as bancas, mas em longos intervalos, o que me fazia perder vários e vários títulos, mas voltando a Marvel Especial 7, encontrei a arte do Jhon Byrne novamente depois de muitos anos, pois a primeira vez havia sido numa edição do Hulk, onde também conheci o aranha pela primeira vez. Desta vez além de uma memória afetiva de seus traços, trouxe-me arrepios ao ver as expressões da Fênix Negra com aqueles olhos brancos, cabelos voando e braços estendidos. Não concluí a leitura da saga, pois nunca encontrei o número seguinte, só a alguns anos atrás tive a oportunidade de ler a edição as Salvat.

 

Apesar de não muito acesso aos clássicos no passado, pude acompanhar grandes desenhistas que já se destacavam por edições impares de qualquer arco ao meu alcance. Alguns nomes como Frank Miller, Jhon Romita Sr e jhon Romita Jr, Mike Zeck, Sal Buscema , Mark Bagley...dentre outros, todos eu conheci através das revistas do aranha que me impulsionaram a buscar outros títulos.

 

Em meados de 2000, iniciei um curso em uma escola de desenhos realistas, mas não cheguei a concluir. Aprendi o suficiente para conseguir reproduzir uma foto realista com todos os seus conceitos artísticos através do grafiti. Durante anos desenhei com pouca dificuldade um grande número de rostos de artistas, carros, paisagens, mas ainda hoje quando me atrevo a tentar reproduzir uma “simples” arte daqueles que foram e são meus artistas favoritos, sinto um tremor nas mãos, largo de lado a prancheta e volto a admirar os originais, e talvez como forma de gratidão, guardo aquelas imagens somente na minha memória.

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