top of page
Resenha por: Maxson Vieira                                                                     03/01/2024

O Corvo

Capa-de-O-Corvo.webp

Essa história foi publicada no Brasil em 2003 pela Editora Pandora Books e mais recentemente, em 2018, a editora Darkside reeditou e lançou em formato luxuoso e capa dura. Os roteiros e a arte são do James O’Barr.

 

A história começa mostrando um homem misterioso e com ares góticos surgindo num beco escuro e assustando um ladrão chamado Jones. Durante a conversa, ele deixa a entender que está procurando os comparsas do Jones, e pede que lhes entregue o recado de que está chegando em busca de vingança. A partir desse momento, graças a alguns lampejos de memórias, partes do passado do homem misterioso são reveladas e descobrimos que ele se chama Eric Draven.

 

Eric foi brutalmente assassinado por uma gangue de Detroit, mas não só isso. Antes de morrer, ele viu a namorada ser violentada, torturada. Durante mais alguns lampejos de memória, é revelado que os dois formavam um casal muito apaixonado e com muitos planos para o futuro. Casamento, filhos e uma grande e confortável casa estavam em seus desejos, e tudo foi destruído pelos bandidos. Mas Eric voltou para se vingar e todo o resto da história gira em torno de sua caçada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essa história é muito famosa, e todos que gostam de quadrinhos ou de livros e filmes de terror provavelmente já ouviu falar dela. A clássica história de O Corvo paira no imaginário popular de quem cresceu na década de 1990, e principalmente de quem gostava de RPG, Rock e quadrinhos. Entretanto, eu nunca tinha lido até alguns meses atrás. Resolvi acabar com esse problema. A história não é ruim, mas confesso que esperava muito mais, talvez pela grande expectativa que tinha sobre ela e sobre as lendas que a cercam.

O corvo é um ótimo exemplo de que a história por trás da história pode ser muito mais interessante e sombria que a própria obra em si. O autor James O’Barr, quando adolescente, namorava uma garota de 18 anos e, numa noite, ele lembrou que não tinha pagado os impostos do seu carro. Com medo de ser pego numa blitz, pediu a ela para vir andando ao seu encontro. Quando ela estava a caminho, um motorista bêbado a atropelou e matou. James passou anos se culpando pela morte de sua namorada até que resolveu colocar todos os sentimentos para fora contando uma história. Assim nasceu a história de vingança O Corvo. Anos mais tarde, a sua obra foi adaptada para o cinema e um grande amigo do James foi escalado para o papel principal. Seu nome era Brandon Lee, e ele era o filho do lendário Bruce Lee. Durante as filmagens, uma das armas foi acidentalmente municiada com balas reais e um tiro matou Brandon no set na frente de James.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esses fatos foram os responsáveis pela criação de inúmeras lendas sobre O Corvo entre os anos 1990 e 2000. Mesmo sem ler a história, inúmeros adolescentes adaptavam a sua narrativa de vingança para seções de RPG, em especial as de Vampiro – A Máscara.

Deixando de lado toda a história por trás da criação catártica de O Corvo e da sua adaptação para o cinema, seu roteiro envelheceu muito bem. A história de vingança escrita pelo James O’Barr é ainda capaz de emocionar alguém que perdeu uma pessoa muito importante. O autor consegue transmitir de forma muito tocante a dor de perder um grande amor, e todo o sentimento de revolta que isso causa.

Apesar da grande carga melancólica o autor mostra que, mesmo com o enorme sentimento de culpa, nunca deixou a lucidez. Isto pode ser percebido nos momentos em que o personagem principal se encontra com uma garotinha e a trata com enorme cuidado e empatia. Nas páginas finais, percebemos que ele conseguiu deixar para trás toda a sua dor, quando mostra o personagem calmamente sentar-se sobre o túmulo de sua namorada e simplesmente olhar para o tempo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A arte é claramente derivada dos quadrinhos undergrounds americanos dos anos 1960. Abusa de reticulas e completa muito bem todo o clima gótico da história. O autor teve ainda o cuidado de mudar completamente o estilo de seu traço ao retratar os lampejos de memória do Eric junto com a sua namorada.

Para quem gosta de histórias marcantes ou de terror, O Corvo é um prato cheio.

A edição da Darkside possui 272 páginas com miolo em papel off-set de alta gramatura, capa dura e preço de capa de R$ 74,99, podendo facilmente ser encontrada com bons descontos em sites especializados.

 

Matéria inicialmente publicada no site: https://editorialivre.com.br/resenha-o-corvo/

Reproduzida com permissão do autor.

bottom of page